Igreja Matriz do Peso da Régua
A Igreja Matriz do Peso da Régua tem início da sua construção incerto dadas as características incomuns do seu procedimento construtivo. Sabemos que a 26 de outubro de 1735, na então Capela do Espirito Santo existente no Lugar do Poeiro, foi elaborada uma escritura entre os fregueses de São Faustino e Joaquim de Sousa Lima Alcoforado, reverendo Arcediago da Régua e que, desde este ato até 1786, foram assinadas inúmeras escrituras e contratos para as obras da igreja, destacando-se a de 18 de novembro de 1737 relativa à obra da igreja da vila do Peso da Régua.
A escritura de 1735 é assinada entre as partes para construção de duas igrejas: a de São Faustino, já demolida, seria reedificada no Peso da Régua, no sítio do Poeiro e uma outra para lá do ribeiro de Jugeiros, no sítio do Pedregal, ou outro mais conveniente à população, desde que se obtivesse licença do ordinário; decide-se erguer duas igrejas devido às queixas da população de não poderem receber os sacramentos devido à distância entre os lugares e a paróquia e ao ribeiro ser caudaloso no inverno, sendo arriscada a sua travessia; apenas se demolira a nave, usando-se a pedra para tapar o arco triunfal de modo que a dizer-se missa na capela-mor aos moradores da Régua, e a restante seria utilizada nas duas igrejas; a população obriga-se a construir as duas igrejas no prazo de quatro anos e os futuros consertos das capelas-mores ficam a cargo do Arcediago.
No seu interior existe um painel de Pedro Alexandrino de Carvalho com uma pintura da Última Ceia, cuja existência de contrato de execução de pintura para o altar-mor se desconhece, a mas que “provavelmente foi encomendada após as obras de talha, o que nos leva a ponderar a hipótese de ter sido feita entre o final do século XVIII e a primeira década do século seguinte”.
A igreja é de planta longitudinal, composta por uma nave única e a capela-mor à qual está adossada a sacristia, de volumes e alturas diferenciadas e escalonadas. No interior possui sete retábulos de talha dourada, dois em cada um dos cantos do arco cruzeiro na parede do lado da epístola, outros dois no lado do evangelho e o de maior dimensão localiza-se na capela-mor e reveste toda a parede da cabeceira, no qual se situa a pintura de Pedro Alexandrino de Carvalho.
Executado para o corpo central do retábulo-mor de uma igreja pública, o painel tinha como característica específica ser móvel. A tela possui uma forma retangular desenvolvida na vertical, no entanto o camarim que a enquadra é rematado por um arco de volta perfeita, dando a noção que é arredondada na margem superior. A composição é representada num interior. A cena principal desenvolve-se no primeiro plano, realçando-se as figuras de Cristo e São Pedro que tem prostrado sobre as pernas um dos companheiros. No segundo plano, encontram-se as restantes dez personagens, que ladeiam uma mesa, distribuídas em dois grupos equilibrados posicionados sobre o lado direito e esquerdo e que entreabrem o espaço central para o âmago da pintura - a partilha do pão. Os discípulos têm posturas e olhares corporais divergentes. É uma pintura essencialmente figurativa, ainda estando presente a proporção dos grandes grupos do Barroco. No plano do fundo sobre o lado direito é esboçada uma abertura para o exterior, que amplia o espaço com a representação de um edifício de cúpula. As personagens, todas elas barbadas, vestem túnica apertada na cinta por um cordão, um manto sobre um dos ombros e estão descalças. As cores predominantes são o ocre, o azul, o violeta e os tons terra como os beges e castanhos. CARVALHO, Carla (2012)
Largo D. Manuel Vieira de Matos, Peso da Régua
Coordenadas GPS: 41.165289, -7.785090